sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Performance do Metrô



Performance do Metrô
Matheus Rebelo e Diego Restrepo Paris

Video:

http://www.youtube.com/watch?v=aFd9Jp22rF8

Matheus:

O trabalho realizado com Diego foi extremamente rico e gratificante, tanto em nível
artístico quanto pessoal.
Inicialmente, nos encarregamos de pensar individualmente em possibilidades de trabalho
que nos interessassem. Tentei encontrar caminhos que mesclassem nossas áreas de interesse,
música e sky painting, ao tema proposto pela disciplina: potencialização de afetos. Ao pensar na
relação entre céu e som, logo me lembrei do Soneto XIII de Olavo Bilac. Lembrei também de
uma reportagem que li, não me lembro exatamente em que revista, que falava como a tecnologia
astrnômica atual nos permite literalmente ouvir o som emitido pelas estrelas, como já previa
o delírio literário de Olavo Bilac com quase um século de antecedência. Passei a refletir então
sobre que outras possibilidades de percepção se pode ter do céu, que não a visual e cheguei a
conclusão que não havia pessoa mais indicada para me responder essa pergunta que um cego.
Comecei a tentar vislumbrar propostas de performances que envolvessem um trabalho
com cegos; juntei o turbulhão de ideias que me vinham à cabeça ao poema que tinha pego como
referência e enviei um e-mail ao Diego para que junto nós tentassemos pensar em algo. Antes
mesmo de ter visto minha mensagem, ele me ligou, me convidando para ir no dia seguinte
conhecer o local onde ele costuma saltar de para-pente. Marcamos então a primeira experiência.
No dia seguinte discutimos as ideias que eu havia mandado por e-mail, e vimos que o
trabalho com cegos demandaria um tempo e uma estrutura que não possuíamos. Pensamos então
em musicar o poema usado como referência e arranjar um equipamento de som portátil que
pudesse ser levado junto com o Diego em um salto, fazendo assim uma instalação sonora sobre
São Conrado. Tendo conhecido o local e pensado nas estratégias de registro para a performance
no dia 23/09, marcamos sua execução para o dia 30/09.
No dia marcado não pudemos realizar a performance pois o Diego, adoentado, não
tinha condições de saltar. Marcamos então para o dia 03/10, no entanto, dessa vez foi a chuva
que impossibilitou o salto. Como nos outros dias não teríamos tempo hábil para realizar a
performance, tivemos que repensá-la, e foi então que surgiu a ideia de realizar a instalação
sonora no metrô. O resultado foi talvez melhor do que o que poderia ter sido a primeira ideia.
A proximidade com as pessoas nos permitiu observar e registrar suas reações, ou a ausência de
reação, a uma quebra de rotina num ambiente público e urbano como o metrô.
Vários questionamentos podem ser levantados dessa experiência. O primeiro que passou
pela minha cabeça foi se a intalação que realizamos foi, realmente, uma quebra de rotina. O
fato é que não é incomum presenciar passageiros escutando música sem fone de ouvidos nos
transportes públicos, apesar de ser expressamente proibido. Seria nossa instalação, na verdade,
mais uma manifestação desse fato que já é cotidiano? Acredito que não. Em primeiro lugar
por não se tratar de uma música, mas sim de um poema que deixa visivelmente, ou melhor,
audivelmente claro que não é um som com função de entretenimento; e em segundo lugar pela
postura do passageiro que carrega o dispositivo sonoro, que não é a mesma de quem costuma
escutar sua música no transporte púbico, assim como o dispositivo sonoro carregado não é
também um celular, ou mp3 ou qualquer outro desses dispositivo realmente portáteis, mas sim
um aparelho de som, que usualmente não se insere no contexto do ambiente em questão.
Se a performance, então, realmente contitui uma quebra naquele cotidiano, por que a
maioria das pessoas age como se nada de diferente estivesse acontecendo. A grande maioria
dos frequentadores de transporte público reclama desses passageiros que escutam música sem
fone de ouvido poluindo ainda mais um ambiente sonoro que já é saturado de ruídos. Por que
nós não manifestamos nossa indignação no momento em que essas situações ocorrem? Medo?
Vamos cogitar a hipotese de que o som produzido na performance em questão não estivesse

incomodando os demais passageiros, visto que não estava em um volume extremamente alto e
que não se tratava de um conteúdo que pudesse ser ofensivo a ninguém. Ainda assim, é estranho
perceber que a reação da maioria das pessoas é tentar neutralizar seu estranhamento em relação
àquilo e não alterar sua conduta normal, por mais que seja possível perceber que elas notam a
quebra e são instigadas por ela.
Creio que esse experimento não pode e nem tem o intuito de gerar nenhuma conclusão
definitiva, mas percebemos que nos grandes centros urbanos as pessoas evitam estabelecer
relações e, consequentemente, diminuem a possibilidade de desenvolver afetos. É interessante
constatar como isso é presente em quase todos os ambientes. Não fosse esse trabalho, eu
continuaria sem conhecer a Pedra Bonita, de onde partem os para-pentes e asa deltas que
sobrevoam São Conrado; não fosse esse trabalho, eu possivelmente passaria todo o semestre
sem conhecer as afinidades que possuo com um dos meus colegas, que diga-se de passagem,
é um potencializador de afetos ambulante: para para agradar os cachorros, conversa com
desconhecidos na rua, enfim, se relaciona com os outros habitantes da cidade de uma maneira
saudável. Além da experiência artística, acredito que a potencialização de afeto foi um aspecto
presente em todo o processo do trabalho.

Diego:

Sky painting con Matheus Robledo

Es una suerte haber tenido la posibilidad de trabajar con Matheus ya que el pensó en
varias vías para trabajar sobre una propuesta que me mostró, una poesía de Olavo Bilac Via
Láctea- Soneto XIII autor Brasilero que se inspiro en las estrellas para esa poesía.
Si bien no conocía ese autor por mi ignorancia quede encantado de aquel poeta brasilero
y decidí apuntar en esa dirección.
Lo primero que hice fue gravar el poema con la voz de luciana Sander Becker que en
mi discernimiento y posibilidades personales hacia sonar interesante por su timbre de voz
femenina y única. Cuando capture el sonido con el precario micrófono del portátil lo primero que
hice fue limpiar el sonido y decidir que intervención en el sonido quería hacer, opte por el eco ya
que el universo tiene un sonido y las estrellas quería presentar ese sonido como un eco infinito en
el espacio.
Con matheus pensamos en hacer una instalación sonora en el cielo con mi
parapente proyectándolo con parlantes. Como el clima no ayudo y por cosas de seguridad
decidimos hacer la instalación en el metro de Rio de Janeiro de una manera sutil. Con un
reproductor de CD proyectamos la poesía dentro de los vagones del metro.

Critica

Hola Diego,

Gracias por compartir este trabajo.

Si no estoy mal es portugués tiene muchas mas vocales que el español, lo
que lo vuelve muy musical como se aprecia en el fragmento que nos has
pasado.

Sin ánimo de armar debate mi crítica constructiva va mas por el uso de
los retardos en sonidos de voz como éste. Lo que pasa es que me das
papaya para comentar que el retardo es una herramienta muy poderosa en
contextos de composición. De hecho una de las formas interesantes de
tratarlo tiene que ver con contrapunto porque con retardos mayores a
20Ms., comienzan a aparecer dos sonidos. Si usas mas retardos al mismo
tiempo aparecen mas y mas sonidos. La clave entonces es cuadrar el
tiempo de retardo para que cada sonido matice con el otro ya que estas
sobre-puestos.

Otro punto clave al trabajar con sonidos de voz es si se persigue
legibilidad en el texto porque a veces los contrastes suenan mejor con
la parte fonética.

Ahora pues si quieres varias fuentes sonoras puedes utilizar las
técnicas que se están discutiendo en el hilo de espacialización.


Felicitaciones por haber tenido una oportunidad como esta.

--* Juan

2 comentários:

  1. Nossa inspiração :)

    http://www.youtube.com/watch?v=Rj6CV_QgdDA&edit=ev&feature=uenh

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  2. Audio:

    http://soundcloud.com/arcanouv2/ouvir-estrelas

    Ouvir Estrelas
    "Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
    Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
    Que, para ouvi-las muita vez desperto
    E abro as janelas, pálido de espanto...

    E conversamos toda noite, enquanto
    A Via Láctea, como um pálio aberto,
    Cintila. E, ao vir o sol, saudoso e em pranto,
    Inda as procuro pelo céu deserto.

    Direis agora: "Tresloucado amigo!
    Que conversas com elas? Que sentido
    Tem o que dizes, quando não estão contigo?"

    E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
    Pois só quem ama pode ter ouvido
    Capaz de ouvir e de entender estrelas".

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