terça-feira, 18 de outubro de 2011

"Você quer tecer um laço comigo?" (relato provisório)

Performance realizada no Largo do Machado no sábado, dia 15/09/2011 com Vinicius Arneiro.
Ressaltando, em primeiro lugar, o afeto grande - e já latente - que brotou neste encontro no qual passamos horas discutindo, elaborando, descartando, aproximando e devorando idéias, experiências e esfirras e sucos de cajú, contaminando nossos percursos artísticos e afetivos de forma tão afetuosa e enriquecedora.
Tecemos laços e por isso mesmo, resolvemos estender estes laços para a praça onde estávamos conversando há tanto tempo e com tamanha felicidade, esquecendo do tempo, revisitando passados, presente e inventando futuros. Dentre outras coisas, passamos um certo tempo investigando nossos  respectivos rituais amorosos e afetivos do dia dia: que rituais, por mais discretos e infimos que sejam, nos moviam para algum lugar que fosse potencializador de afetos?
Materializando: no sábado após nossos encontros, partimos, cada um do seu lado para a Praça, com um novelo de lã, perguntando para as pessoas se queriam tecer um laço. Quando a pessoa aceitava, uniamos o fio de lã entre o punho dela e o nosso, colocando uma tesoura no meio. Regra 1: cada um de nós pode romper o laço na hora em que achar apropriado, ficando apenas com a pulseirinha vermelha, registro de algum laço efêmero que exisitiu. Regra 2: enquanto ficamos amarrados, partilhamos nossas experiências de rituais amorosos e afetivos. Tecemos um laço de verdade, por mais breve e curto que seja o tempo deste encontro.
Assim, teci laços com uma senhora que mantinha laços afetivos apenas com seu cachorro e estava preocupada de falecer e deixá-lo só; com uma moça de 17 anos, sem pais, que estava sozinha agora que suas irmãs mais velhas estavam presas; com um guarda confrontado a muito violência e que se consolava a noite, chegando em casa, com seu gato Floquinho que mordia o seu pé; com um membro da igreja evangélica que estava esperando chegar a hora de poder ligar para o seu patrão para receber algum dinheiro. Não teci laços com uma vendedora pertencente a igreja evangélica que tinha medo de fitas vermelhas; e também deixei de tecer laços com um senhor que estava apavorado de estar tecendo algum laço na hora em que sua esposa fosse chegar.
Enfim, outro laço criado foi com Rodrigo Turrazi e sua câmera discreta e sempre presente, que permitiu que algo do laço ficasse materializado pelos pixels.



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