quarta-feira, 26 de outubro de 2011

PERFORMANCE DA BOLSA COM ANDRÉ BERN – Alissan
Segue o relato do 2º experimento proposto por esta disciplina: realizar uma performance com um artista indicado por um colega e “escolhido” por um sorteio. Este experimento foi realizado no dia 15 de outubro, às 19h no Shopping Tijuca com André Bern (indicado pela Monica). O registro consiste no nosso diálogo por e-mail antes e após o experimento. A escolha por postar todo o diálogo e não apenas trechos – o que o torna um pouco longo- deve-se ao desejo de manter a honestidade e a generosidade com que se deu este encontro. Entendendo aqui o encontro não só o momento da efetivação da performance, mas todo o percurso. Convém, mencionar que se manteve a estrutura dos diálogos por e-mail : começa-se pelo fim. Se preferirem ler do começo, iniciem a leitura de baixo para cima.
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"novo começo criativo"
Quinta-feira, 20 de Outubro de 2011 22:22


Alissan querida,
Desculpe demorar tanto a responder!
Bem, já li e reli suas mensagens várias vezes... sempre rio bastante! :)
Na última terça, tinha q levar um trabalho p/uma disciplina do mestrado lá na UERJ e, na hora, decidi ñ apresentar o q tinha em mente. Contei sobre nossa experiência (como se fosse o trabalho q tinha a apresentar, e acabou sendo mesmo!) e li sua primeira mensagem após o encontro. As pessoas ficaram muito empolgadas, alunos e professores (temos dois na disciplina). Todos sugeriram que eu deveria continuar realizando os encontros, com outras pessoas. O professor também disse que o meu relato, juntamente com a leitura do seu, já era o trabalho em si. Uma das alunas me deu o contato da próxima pessoa, que já me respondeu e está disponível.
O q vc pensa disso tudo?!
Beijo e obrigado por me proporcionar esse "novo começo criativo"!
p.s.: como foi sua apresentação na Uni-Rio?
_____________________________________________________________________________________Date: Mon, 17 Oct 2011 15:57:25 -0700
From: alissansilva
Subject: RE: performance da bolsa

Eu estava muito ansiosa para saber no que aquilo ia dar... que acabei falando... estava encabulada mesmo...Não confiei na minha própria memória... E meu marido ficava perguntado a cada rapaz que passava: “É esse aí? Não é esse aí não?”. Sabe que até imaginei como as pessoas que se conhecem pela internet se sentem quando marcam um encontro, pois tenho uma grande amiga que começou uma relação assim e hoje é casada, tem duas filhas e feliz...Achei estranho, como se estivesse sem defesa, à mercê de uma situação da qual eu não tinha o controle. Cheguei até a pensar “Será que ele não vem e faz parte da idéia dele de performance me deixar esperando para depois discutir a experiência?”. Não sabia como confirmar se você era você mesmo sem a fala... Acabei falando... Não sei se no e-mail anterior falei que meu marido estava comigo. Antes de sair de casa pedi que ele fotografasse alguma coisa ou gravasse, pois talvez fotos ou vídeo poderia aproximar meus colegas de turma do que se passou, mas na hora a pilha falhou e ele acabou ficando ali por perto. Para ele (meu marido), que não é da arte, essas experiências são muitas estranhas. Saindo de lá, eu perguntei a ele se percebeu alguma coisa da reação das pessoas. Ele disse que algumas pessoas que estavam sentadas no banco perto cochichavam, outras riam. Pessoas da mesa do lado se cutucavam. Uma senhora que estava no balcão bebendo café olhou para nós e disse “Coitados...novos novos...”
Bem, agora lendo os nossos registros, gostei de a máquina não ter funcionado, pois a experiência ficou sendo só nossa e quem tiver paciência que leia estas trocas de informações que estou adorando fazer, pois amo escrever e escrevo tudo como você pode perceber nos meus rascunhos. Meus cadernos geralmente são assim, registros de aulas, reflexões sobre textos seguidos de desabafos.
Sobre os nossos objetos, foi legal fuxicá-los, mas eu não ia adentrar no seu espaço sem uma “permissão” ou um “convite”. A foto do Leandro estava na carteira, né? Até fiquei com vontade levar algo seu, mas eu fiquei sem saber o que eu poderia levar sem lhe causar prejuízos, afinal o que você levou meu pertencia a você mesmo. Fiquei muito curiosa sobre você...esse lance de energia boa foi recíproca. Fiquei com a imagem do sorriso bom da Monica, quando disse que te sorteei na aula. Você passou, seus pertences me passou uma imagem de transparência.
Ah! você é professor de inglês mesmo, né? Preciso voltar a estudar....
Saí do shopping me sentindo diferente...não sei muito bem explicar como...Apesar de eu ter estudado artes cênicas na unirio e muita coisa ter se desmistificado para mim, de certa forma, acho que a graduação não fez questão nenhuma de desmistificar a idéia de que a arte é para poucos, que é algo algo difícil ou não disponível para ser feita por qualquer pessoa, como se os artistas fossem especiais em relação aos outros reles humanos. E isso me distanciou do teatro... Com o perdão da palavra, sempre achei isso “escroto”. Naquele momento não me senti artista, me senti qualquer pessoa, ou melhor, pessoa comum podendo sim fazer performance. Como senti um afeto (rsrsrs) real pela arte contemporânea naquele momento. Não sei se estou conseguindo me fazer entender. Conte comigo como colaboradora com certeza!
Beijo grande!
_____________________________________________________________________________________Domingo, 16 de Outubro de 2011, 14:38 André Bern escreveu:

Minhas (algumas de muitas) impressões:
Interessante como uma simples (pelo menos, aparentemente) ação detona em nós uma série de lembranças e sensações... Como você, também decidi levar na bolsa o que já estivesse nela. Nada de colocar coisas que eu achava que diriam sobre mim, afinal de contas, o que numa bolsa não diz sobre seu dono? Então não me preocupei mais com isso.
Enquanto esperava na frente do shopping, pensava na quantidade de vezes que tinha feito aquilo anos atrás, em busca de um amor. Sempre fui romântico, e tanto fiz que acabei encontrando meu companheiro, o Leandro, assim mesmo. Tudo começou numa sala de bate-papo online e, hoje em dia, estamos juntos há mais de 5 anos. Olhava as pessoas e tentava ver você nelas. Engraçado q cismei q vc seria negra. Ñ q ñ seja, mas pensava q sua pele seria mais escura ainda. Pq pensei isso?! Então, olhei para algumas moças negras, mas elas desviaram o olhar e seguiram para dentro do shopping. Estava disposto a essas sensações todas; eu mesmo ñ quis ver uma foto sua antes do encontro. E, d qquer maneira, vc tinha meu número de celular. Não era tão desconfortável assim. Leandro me esperava no shopping, na Saraiva, para depois da performance ir à casa dos pais dele.
Você chegou e falou comigo. Eu pensei: "Mas ñ era para usar palavras!" Heehheheehehehehe... Decidi q manteria o voto de silêncio e a abracei. Estranho caminhar pelos corredores do shopping com alguém ao seu lado, mas sem dizer nada. Parecia q todo mundo estava olhando pra gente, mas sei q era impressão minha. Levei vc para o andar subterrâneo, pois sabia q havia alguns cafés com mesas disponíveis. No caminho, me perguntei se estava levando vc p/um lugar seguro, em q ñ me sentisse exposto, pois moro perto e frequento muito o shopping. Não era isso... queria um lugar em q pudéssemos sentar, mas ao mesmo tempo ser vistos por outras pessoas.
Chegamos ao Café Viena e pensei q ali poderia funcionar. Escolhi uma mesa ao lado da em que um casal conversava. Tinha mtas mesas vazias, mas tinha q ser aquela. Conforme íamos esvaziando as bolsas, percebi q o café já ñ estava tão vazio como antes. Outras pessoas ocupavam outras mesas e observavam discretamente nossa ação. Dali em diante, decidi ñ me distrair mais com as pessoas. Meu foco era vc e a ação. Ah, num momento q levantei p/comprar água (p/ter certeza d q ng nos interromperia pq ñ estávamos consumindo nda), reparei q tinha um moço c/uma máquina fotográfica... parecia estar mirando nossa mesa. "Será q ela combinou c/alguém?", me perguntei. Mas depois deixei rolar.
Vc parecia um pouco encabulada, mas tinha uma vibração boa. Isso já aparecia nos e-mails, penso. Durante a ação, o meu "espírito coreógrafo" baixou e fiquei pensando em "brincar" com aquela movimentação. Comecei a imprimir um ritmo na exposição dos objetos; esperava q vc mostrasse um, só depois eu mostrava outro. Procurei ñ retirar objetos da minha bolsa ao mesmo tempo q vc. Seguimos e, de alguma maneira, achei q podíamos "enfiar mais o bedelho na vida um do outro". Estava curioso em ler seus cadernos, abrir sua carteira, etc. Foi então q decidi abrir um de meus cadernos como convite. "Quem sabe ela ñ se sinta mais confortável em compartilhar mais?" Acho q vc entendeu e assim a troca fluiu mais intimamente. Vi q vc tem uma matrícula em Angra; fiquei louco com seus textos, doido pra anotar umas referências q me pareciam super legais; estudamos coisas próximas! Tive peninha qdo vi os comprimidos p/dor e li num dos seus papeis q vc estava enfrentando algumas crises de dor de cabeça. Achei engraçado alguém escrever essas coisas no verso de um texto acadêmico. Tdo se mistura no final das coisas, ñ é mesmo?!
Enquanto guardávamos as coisas (a mesa ficou linda, um caos de objetos pessoais q já se misturavam um aos outros tamanha era a quantidade q cada um levava --- fiquei pensando se a gnt ñ deveria ter misturado mais as coisas em cima da mesa e desmarcado os territórios d um e do outro --- enfim, o encontro foi possível daquela maneira naquele momento, foi o q podia ser), decidi q pegaria uma das suas coisas p/mim (como um souvenir do encontro). "O q eu pegaria sem me sentir culpado por estar "furtando"? Foi qdo vi o bilhetinho q vc levava com meu nome, tel e e-mail. "A-ha, isso eu posso levar!" hehehehehehehehe... Depois fiquei me perguntando se vc tb faria o mesmo... o q levaria das minhas coisas. Mas ñ levou nada... :(
Lembro d ter lido um rascunho de um texto q vc está (ou esteve) escrevendo q dizia ser interessante o fato d a arte contemporânea estar buscando algo q é uma premissa da dita arte popular: o afeto, o contato mais próximo, a interação desformalizada. Tô com isso na cabeça até agora...
Antes de irmos embora, t dei um abraço e seguimos em direções opostas. Fiquei com a sensação d q algo mto especial tinha se dado (já estava um tanto sensibilizado, pois tinha assistido a um filme maravilhoso no Festival do Rio, "We need to talk about Kevin (Precisamos falar sobre o Kevin)"). Penso em aprofundar a experiência mais à frente e concretizá-la enquanto um trabalho de performance em si. Vou convidá-la a pensar comigo, como colaboradora.
André Silva Bern
_____________________________________________________________________________________Date: Sat, 15 Oct 2011 18:23:07 -0700
Alissan escreveu para Andre Bern


PERFORMANCE DA BOLSA COM ANDRÉ BERN –Primeiras impressões
A performance para mim começou no sábado cedo assim que acordei em Angra, olhando para minha mochila cotidiana. (Na verdade começou com as nossas primeiras conversas por e-mail, mas o dia de hoje começou cedo, entende?) Pensei se eu deveria escolher o que colocar na mochila. Até ensaiei colocar um desenho que fiz, um folder de uma exposição que vi, mas achei que estaria me arrumando demais para ser conhecida... Como essas pessoas que ao escreverem sua biografia escolhem os fatos para serem escritos ou dão uma “melhoradinha” em alguma situação para não sair mal na fita. Decidi que minha bolsa ia ser eu no momento que estou vivendo. Do jeito que ela (a mochila) estava ficou. Não tirei, nem acrescentei nada.
A sensação de esperar alguém que eu não conhecia pessoalmente foi muito estranha. Eu fiquei ali por uns vinte minutos. Pessoas esperavam, mexiam no celular, se encontravam, entravam no shopping. Se alguém olhava para mim, pensava se eu realmente ia te reconhecer tendo visto algumas poucas fotos de sua performance na internet. Cheguei a pensar “Dei mole...Não liguei o computador rapidinho antes de sair de casa para não esquecer o rosto dele”. Até que olhei para trás e vi você...Por uns 10 segundos tive uma crise de riso...Olhei para o meu marido encostado na pilastra fumando e disse “que situação estranha...Vou lá”.
Fui até você e perguntei para confirmar se você era você... Nos abraçamos e aí não sabia se falava mais alguma coisa e saiu um “tudo jóia?”. Nessa hora pensei apenas “gente boa”.Caminhando pelo shopping eu fui apenas te seguindo, pois achei que você conhecia o local melhor que eu que havia estado ali apenas uma vez antes.
O silêncio não me incomodou, mas eu não sabia direito como agir. Sentamos, tomamos água e começamos a tirar as coisas da bolsa. Você foi tirando as coisas e eu fui tirando as minhas, e tentei prestar o máximo de atenção nos seus objetos. Reparei nos celulares, fone, cadernos, estojos (I Love Buenos Aires),muitas canetas, pilots e recarga, carteira, textos (que depois que cheguei em casa eu não lembro o que era... um estava em inglês, o outro acho que sobre alimentação), uma gramática da língua inglesa, um mapa de São Paulo, muitos folder e programas de espetáculos, dança, programas... O folheto da exposição “Africas Diversas” era o que eu ia colocar na bolsa... Coincidência?
Começamos a guardar nossas coisais. Vc pegou o papel com seu telefone...era seu afinal...rsrsrs Dançarino, performer, pela quantidade de pilots professor, né?... Professor e tradutor...Não sei se é do Rio, de São Paulo, ou de outro lugar, mas foi a São Paulo. Papel da biblioteca do Centro Coreográfico, Filme “Entre os muros da escola”...Fiquei curiosa para assistir o Bricolage...Você faz muita coisa e assiste a muita coisa também, né? Estuda performance, arte contemporânea... Acho que tenho ainda muito para falar...Tinha muita informação sobre você ali...mas não queria esquecer essas primeiras impressões e quis logo registrar.
Quando você colocou seu caderno à minha frente, me dando oportunidade de abrir, ver seus escritos e poder te ver mais de perto, tudo mudou para mim. Mudou o curso que a experiência estava tomando comigo. Fiquei menos ansiosa. Prestei mais atenção até na sua postura ao pegar suas coisas, ao dobrar, o jeito de guardar...Havia uma postura performática ali que acho que não segui, que não pesquei de início. Fiquei preocupada em ver e me mostrar ficou em segundo plano a princípio. Assim com li no seu caderno cinza: “Tornar visível e não fitar o visível”. Tudo mudou para mim naquele momento, pois não estava sendo generosa o suficiente pra me fazer visível...
“Mas e agora? Já guardei tudo?” cheguei a pensar. Mas não haviam regras neste sentido e tornei a abrir a bolsa e tirar algumas coisas para que vc visse... Não sei se foi suficiente para você, mas para descontrair: Fiquei envergonhada por perceber sua organização diante dos meus comprovantes de conta todos amassados, minha carteira que quase não fechada e suas coisas organizadas, os cartões todos enfileiradinhos...
_____________________________________________________________________________________Date: Fri, 14 Oct 2011 13:07:44 -0700
From: alissansilva
Subject: performance da bolsa
To: andrebern

André
Ok. Fechamos assim: na entrada do shopping Tijuca às 19h. Você pode me passar seu celular para qualquer eventualidade? A Monica me passou, mas deixei no Rio e acho que vou direto de Angra.
Beijoca
Alissan
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Em sex, 14/10/11, André Bern escreveu:
Assunto: RE: Enc: RE: performance SOCORRO!!!!
Para: alissansilva
Data: Sexta-feira, 14 de Outubro de 2011, 17:17

Alissan,
pode ser amanhã às 19h, aki na Tijuca? Penso em fazermos no Shopping Tijuca, em pleno burburinho do sábado. O q vc acha?
Podemos nos encontrar na entrada. Vc tem alguma referência física minha, então vou ter q ficar esperando (e acho legal ñ saber quem vc é).
Fechamos assim?
Beijo,
André Silva Bern
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Date: Fri, 14 Oct 2011 08:04:52 -0700
From: alissansilva
Subject: Enc: RE: performance SOCORRO!!!!
To: andrebern

Oi André
Aguardo sua resposta para saber quando eu volto para o Rio, pois estou em Angra.
Beijo
Alissan
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Em qui, 13/10/11, Alissan Maria da silva
Assunto: RE: performance SOCORRO!!!!
Para: "André Bern"
Data: Quinta-feira, 13 de Outubro de 2011, 18:33
Oi, André
Eu sabia que haveria um jeito de trazer minhas viagens para a "terra", para uma coisa viável. Gostei da idéia. Nossas bolsas estão cheias de fragmentos de nós mesmos.É uma forma de trabalhar a partir de nós mesmos, e isso eu gosto muito. Ampliamos o nosso particular ao mesmo tempo que o restringimos.
Recapitulando para ver se entendi: Devemos levar em nossas bolsas, objetos que estão lá sempre e alguns outros mais...(kkkkk! Minha bolsa vive cheia pq vivo na estrada rsrsrsrs).
Num lugar marcado, cada um esvazia sua bolsa, observamos um as coisas do outro, colocamos as coisas de volta e vamos embora sem falar nada. Depois trocamos alguns e-mails sobre as as impressões disso tudo.
Esses e-mails trocados por nós eu poderia levar para a aula da quarta-feira como registro da performance. Isso é suficiente ou você acha que eu podia pedir para alguém fotografar as nossas ações?
Sei que nossas rotinas são muito loucas, mas a gente poderia fazer isso no fim de semana? Assim daria tempo de trocarmos os e-mails de forma não tão corrida, pois os levaria na quarta? Você já tem algum lugar específico em mente? Como nos encontraríamos? Será que eu te reconheço a partir da foto que vi na internet? Combinamos esses detalhes finais e mãos a obra!
Adorei a idéia! Topei! Fechei!
Beijoca
Alissan
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Em qui, 13/10/11, André Bern escreveu:
Assunto: RE: performance SOCORRO!!!!
Para: alissansilva
Data: Quinta-feira, 13 de Outubro de 2011, 15:10
Nossa, Alissan, dias muito corridos! Desculpa a demora a responder, mas tá foda!
Bem, fico pensando nessa altura do campeonato em como fazer de forma prática e viável, devido às nossas rotinas atribuladas.
Enquanto vc fez seu "brainstorming", tb fiz o meu. Tive vontade de experimentar contigo uma ação (parte de minha pesquisa atual): é simples, consiste apenas de esvaziar a bolsa e revelar os pertences. Fiquei pensando q tais pertences informam sobre quem somos (em certa medida), e me perguntando o qto se pode apreender sobre alguém a partir disso (principalmente no nosso caso, q ñ nos conhecemos). Como essa simples ação, pode nos afetar e produzir leituras um sobre o outro. Então, pensei q deveríamos nos encontrar num local público (um café, shopping, por exemplo). Daí, sentamos e, um de cada vez, esvaziaríamos nossas bolsas (com conteúdos q já carregamos no dia-a-dia, e outros nem tanto). Não poderíamos falar nada (como maneira d deixar q apenas os objetos e a imagem do outro nos afete, nada de palavras). No final, iríamos embora e depois compartilharíamos, via e-mail mesmo, o q vivenciamos. É óbvio q as pessoas ao redor tb se afetariam de alguma maneira, acredito.
O q vc me diz?
Beijoca,
André Silva Bern
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Date: Wed, 12 Oct 2011 15:04:54 -0700
From: alissansilva
Subject: RE: performance SOCORRO!!!!
To: andrebern
olá André
Aí vão algumas idéias...quer dizer, pensamentos...se der para aproveitar algum devaneio...rsrs
Recuperada da virose voltei a pensar. Como não sabia o que pensar fui fazendo uma tempestade de idéias...a proposta é de potencialização de afetos, lemos os primeiros capítulos de "Estética Relacional", meu tema de pesquisa na matéria é "produção de presença" de Grumbrecht...Meu pré projeto no mestrado pretende estudar o Jongo como um experiência estética da Diáspora dos povos negros nas Américas...Fui pensando no meu dia a dia como professora, numa brincadeira obrigatória com as crianças que me dá falta de paciência,no corre-corre, na falta de tempo, na falta de tempo para as relações- que é um dos temas da própria matéria e pensei que nossa proposta poderia envolver algo que proporcionasse uma suspensão nesse tempo louco...Algo que fosse simples como brincadeiras tradicionais como carniça, amarelinha num lugar que não fosse "seu" lugar, sei lá na central do Brasil, ou em Madureira, ou na feira que acontece sábado perto da minha casa (De alguma forma eu queria levar a periferia para a faculdade)...É um corre-corre danado, todo mundo indo trabalhar, um escolhe fruta sem olhar para o outro...que as pessoas não parassem para brincar, mas que seus olhos se desprendessem da rotina e rissem da nossa cara...já é um produção de presença que implica vários tipos de relações...
Vi seu blog e vi que vc é da dança...Pensei comigo: Ele não vai querer fazer este pastelão rsrsrs... ah quem sabe ele me ajuda a parar de viajar e trazer as idéias para o chão...
André, tô precisando de help..........
E continuei a viajar...além da brincadeira, pensei numa dança...Numa dança que estivesse na contramão do corre-corre dos trabalhadores...Pensei na minha história... Eu voltei a morar no Rio esse ano, pois minha casa ficou interditada na tragédia de Teresópolis no começo desse ano...E em 95,ainda criança, eu fui morar em Teresópolis porque perdi minha casa para o tráfico que nos expulsou do bairro onde morávamos (Parque Columbia, na Pavuna)...Esse lugar hoje está sendo demolido pela prefeitura....Nessa necessidade de brincadeira, de ludicidade, após ficar doente por causa do estresse de não dar conta do trabalho e mestrado, fiquei pensando em mim mesma como fragmentos, pedaços, assim como as casas onde morei, assim como a experiência da diáspora espalhando "pedaços" por toda parte....Aí me veio a idéia louca de dançar ou brincar de amarelinha sobre os escombros das casas demolidas na MAngueira pela prefeitura por causa da Copa. Ali seria também uma quebra na rotina e no tempo, nossa e dos transeuntes a pé, de carro ou ônibus que ali passam.
Eu não tenho filmadora, só tenho máquina fotográfica para registrar (preciso levar um registro na próxima quarta), áí não sei como faríamos se um faz e o outro registra ou peço para alguém ajudar, se um faz e o outro presta atenção na reação das pessoas...
O problema agora é tempo...Acho que só vamos ter o fim de semana...se vc puder...Amanhã tenho aula pela manhã no mestrado e sexta trabalho em Angra. Sábado e domingo posso voltar para fazermos e segunda e terça trabalho lá novamente. Volto na terça a tarde para aula no mestrado e na quarta de manhã já é a aula que eu preciso levar o registro...André, me ajuda!!!!! Ou só se fizermos algo a distância satirizando essa falta de tempo para encontro, mas não sei o que fazer............
Abraço,
Alissan
Em seg, 10/10/11, André Bern escreveu:
De: André Bern
Assunto: RE: performance
Para: alissansilva
Data: Segunda-feira, 10 de Outubro de 2011, 21:58
Nossa, tô em falta contigo... mas li o e-mail.
T respondo até quarta, querida ;)
E se tiver ideias, vai me escrevendo, assim tb vou "entrando mais no clima".
Corriiiiiiiiiiiidooooooo!!!
Um beijo,
André Silva Bern
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Date: Mon, 10 Oct 2011 15:02:01 -0700
From: alissansilva
Subject: performance
To: andrebern
Oi André
Vamos começar a conversar sobre as nossas possibilidades?
Abraço,
Alissan
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Em sex, 7/10/11, Alissan Maria da silva
Assunto: ementa da disciplina
Para: "André Bern"
Data: Sexta-feira, 7 de Outubro de 2011, 17:51
André
Aí vai o link do blog que a professora Tania Alice fez para a turma, onde está a nossa ementa
http://performanceeafetos.blogspot.com/2011/09/ementa.html.
A proposta é que façamos uma performance-intervenção urbana com o objetivo de potencializar afetos nas relações humanas. A minha dupla anterior propôs que fizéssemos com a turma, numa proposta de trabalhar os afetos com meditação, tendo em vista o vídeo sobre ativismo quantico que a professora nos passou e as experiências e trabalho da minha dupla. Embarquei totalmente na idéia dela para experimentar e ver no que daria, mas o que parece é que a tendência é seja fora da universidade. Eu não tenho experiência em performance, e na verdade, de uma dupla para a outra estou tentando me esvaziar de idéias para ver no que dá, portanto não tenho nenhuma idéia formada.
No primeiro relato de trabalhos aconteceram trabalhos do tipo: uma dupla distribuiu afetos (frases em pedaços de papel em uma panela ou fixados na roupa) na Cinelândia vestidos com uma roupa escrito "afetados"; outra dupla fez manifestos com mendigos, com placas do tipo "eu não falo pq vc não fala comigo"; Caio no Rio sentado na orla de Copa, segurando uma flor, com uma faixa escrito "Laura?" e ela (a Laura) na Bahia na praça de alimentação de um shopping, segurando uma flor, com uma placa escrita "Caio?" e na aula apresentaram um vídeo com a filmagem com o relato deles sobre a experiência...
Bem...quanto a questão tempo...eu tenho achado difícil fazer esta disciplina por causa da velocidade que as coisas acontecem e a falta de tempo que nós temos no dia a dia atribulado. Vamos pensar como podemos fazer isso. Eu trabalho em Angra dos Reis, então estou lá às segundas, terças(pela manhã) e sextas. Às terças (tarde), quartas e quintas estou no Rio. Eu moro na Água Santa/Encantado, bairro na localidade do Meier, Madureira, Piedade.
Preciso levar um registro da performance ( e postar no blog) na quarta dia 19, e por no dia 12 ser feriado (que seria a nossa aula) tudo parece estar resolvido como se pudéssemos utilizar este dia, já de antemão, para realização da performance.
Então, na verdade, André, eu preciso mesmo da tua ajuda, afinal vc está colaborando comigo, então vamos fazer de acordo com as tuas possibilidades.
Abraço,
Alissan
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Em qui, 6/10/11, André Bern escreveu:
De: André Bern
Assunto: RE: recado da Monica - sua amiga que faz Doutorado na Unirio
Para: alissansilva

Data: Quinta-feira, 6 de Outubro de 2011, 15:30
Oi, Alissan!
Olha, realmente estou muuuuuuuuuito louco, mas vamos tentar, sim, claro ;)
Me bota por dentro do q é a proposta e vamos tentar marcar um encontro.
Vamo q vamo!
Beijo,
André Silva Bern
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Date: Wed, 5 Oct 2011 13:39:48 -0700
From: alissansilva
Subject: recado da Monica - sua amiga que faz Doutorado na Unirio
To: andrebern

Olá André
Você não me conhece e eu não conheço você...ainda!
Sou Alissan, colega de turma da Monica numa disciplina na UNIRIO.
Você foi sortedo para ser minha dupla na realização de uma performance sobre potencialização de afetos!!!!!!!!!
Estamos fazendo uma disciplina (eu no mestrado e ela no doutorado) - de metodologia teórico prática- em que fazemos performances com duplas que à princípio não temos nenhuma relação e o tema central é potencialização de afetos.
Hoje cada um tinha que colocar o nome de um artista amigo no sorteio.A Monica colocou você e eu te sorteei...rsrsrs
Estudamos conceitos da performance como estética relacional, produção de presença, TAZ, microutopia, heterotopia e paralelamente desenvolvemos performances, dessa vez com alguém da arte que não conhecemos indicados por alunos da turma.
Eu sei que é meio de sopetão, mas você aceita ser minha dupla?
Não precisamos fazer nada de outro mundo.Podemos fazer de acordo com as nossas realidades, horários, pois hoje em dia todo mundo faz milhões de coisas. E realmente é uma proposta da matéria trabalharmos justamente essa questão de como potencializarmos afeto nesse nosso mundo muito louco.
Tenho o prazo para levar o registro (foto, video, texto, ou você) na quarta feira (sem ser a próxima do feriado, a outra)
Você aceitando posso te mandar a ementa da disciplina, te contar mais o que tem acontecido nas aulas e a gente marca para se falar...ou não. Rsrsrs.Depende do que bolarmos.
Abraço
Alissan







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