quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Terceiro capítulo - Richard

Teríamos que voltar tudo, pegar o meu carro e descer até a Rua do Riachuelo para ir a outro supermercado.

Sempre fui muito controladora e sempre senti orgulho de saber administrar muito bem o meu tempo. Durante a caminhada de volta a ansiedade tentou me acessar algumas vezes. Tentava ignorá-la. Voltamos a casa dele para pegarmos a minha bolsa e avisar que iríamos demorar mais. Brinquei com Antônia e o gato do vizinho enquanto Patrícia fazia o almoço.

Fomos então para o carro e desceríamos a Rua Monte Alegre até a Rua do Riachuelo, mas a rua estava interditada. Hoje fiquei sabendo que uma grande árvore havia tombado na rua devido ao temporal da madrugada anterior.



Pegamos outro caminho que nos levou até a curva fatídica onde o condutor de bonde mais simpático de Santa Teresa descobriu que estava sem freio e tentou, heroicamente, salvar a todos, perdendo a própria vida. Havia lido sobre o acidente no jornal. Fui buscar agora na internet alguma matéria a respeito e acabo de descobrir que o ator Eduardo Moreira, do Grupo Galpão, estava no bonde. Me lembrei de Romeu e Julieta, um dos espetáculos mais lindos que assisti. A atriz que fazia Julieta, Wanda Fernandes, mulher do “Romeu” Eduardo Moreira havia morrido em um acidente de carro durante a temporada. Me lembro de ter ouvido que ele estava com ela no carro. Não sei se é verídico, porque como foi em 1994, Era pré-internet, carece de acesso fácil a registros. Assim como informações sobre Marcio Vianna (morto em 1996).

Aproveitei a passagem pela curva fatídica para perguntar a Richard se ele tinha alguma religião. Desde o primeiro momento que o vi, até mesmo antes, por telefone, me chamou atenção a sua calma. Quando o vi em casa com sua família, e a própria forma como ele me recebeu, percebi que se tratava de uma pessoa extremamente afetuosa. Quando ele disse que era budista, compreendi. Passamos então o resto do trajeto, até o supermercado, conversando sobre espiritualidade. Assunto que cada dia está mais presente nos meus pensamentos. Conversamos sobre a calma que precisamos exercitar para estarmos presentes e a meditação como prática para chegarmos a este estado de plenitude e consciência. Ele me falou de um “nono sentido”. Nunca tinha ouvido falar.

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