sexta-feira, 28 de outubro de 2011

potencialização de afetos

Tecer fios. Tecer afetos. Tecer encontros. Tecer ideias.

Fui sorteado (literalmente) pela querida Tânia Alice e convidado a refletir junto sobre potencialização de afetos. Começamos por nós mesmos. Como não? Peregrinamos entre as camadas de afeto ao nosso redor, e circunstancialmente, nos vimos inspirados a pensá-lo sob o viés dos íntimos rituais afetivos junto à pessoa amada. O café da manhã. O banho juntos. O jantar preparado a quatro mãos. O ritual de dormir. A criança. O animal de estimação. O aglomerado de gestos, sorrisos, silêncios.

Sinto que encontramos potencialmente o dispositivo para a nossa performance na orgânica engenharia do fio que Tânia e eu tecemos um com o outro.

Optar pelo espaço público lançou, de maneira inevitável, a reflexão sobre como criar ou mesmo construir uma válvula de conexão com alguém desconhecido, como se aproximar e como conduzir. Foi quando surgiu a necessidade de extrapolar o (nosso) referencial afetivo, abrindo espaço para que novas tramas de afeto se configurassem de acordo com a natureza do encontro em questão e a disponibilidade da pessoa com a qual teceríamos um laço.

Dia 15 de outubro às 10h30min: Eu, Tânia e Rodrigo Turazzi (um amigo querido que registrou a ação com sua discrição e sensibilidade) nos encontramos no Largo do Machado. Dia de feira. O primeiro elo: Me aproximei de uma mulher cujo o nome agora me escapa à memória, infelizmente, me lembro ter adorado. Depois de nos apresentamos ela prontamente perguntou o que eu queria, eu disse que estava por ali na tentativa de estabelecer fios de afeto e que eu adoraria poder conversar. Ela ficou me observando, depois de um tempo ela deu um riso sem graça, foi a minha deixa para sentar. Perguntei sobre seus laços de afeto e sobre os rituais que envolviam estes laços. Ela disse que talvez não pudesse me ajudar, que não tinha motivos para pensar sobre afeto ou rituais. Confessou estar triste, vivendo um momento muito delicado no relacionamento. Falou de angústia, traição, medo, sonho. Por fim, concluiu ela própria que o ritual diário que a faz bem no momento é ficar um tempo na frente do espelho conversando consigo mesma enquanto arruma o cabelo ou faz a maquiagem. Depois de ter dito isso ela chorou... Em seguida, contou outras histórias, falou do filho, riu de alguns parentes. Estávamos mais próximos, ligados pelo fio de lã e talvez por outros. Quando ela precisou ir, pegou a tesoura que estava entre nós e cortou o fio (de lã), me deu um abraço, dois beijinhos, sorriu e foi embora.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Sons Adjetos

SONS ADJETOS

O sorteio para a segunda performance foi extremamente oportuno para mim. Eu sorteei o Alexandre Dacosta, marido da Lucila, que no mesmo dia do sorteio, sem saber que eu o havia sorteado, me entregou um panfleto de uma exposição dele, Adjetos e Aparatos Femininos, que se encontra no Palácio do Catete e que está associada a um livro e um CD musical.

Antes de entrar em contato com o Alexandre, resolvi visitar a exposição para ver como poderíamos dialogar nossos interesses artísticos. Aproveitei a visita para produzir algum material acerca do conceito que desenvolverei. Gravei durante um tempo a paisagem sonora do interior da sala de exposição, e também do jardim do Palácio do Catete.

No primeiro contato com Alexandre falei pra ele da minha visita à sua exposição e do conceito que desenvolveria durante a materia. A partir disso ele contribuiu com várias ideias e disponibilizou músicas que são integradas à exposição para que eu escutasse. Propus que nós focassemos na qualidade feminina dos Adjetos. Cogitamos então gravar a paisagem sonora de alguns ambientes femininos, como um salão de beleza, ou mesmo um banheiro feminino e, com os sons coletados desse ambiente e da exposição fazer uma colagem, mesclando também imagens dos adjetos. Outra alternativa seria compor uma música ou sons, e produzir uma intervenção nesses ambientes femininos.

Por indisponibilidade de tempo, acabamos nos encontrando apenas na segunda-feira (17/10). Como era feriado, não foi possível fazer as gravações e/ou intervenções que pretendíamos. Mas nesse encontro pude coletar com Alexandre mais materiais do seu trabalho, o que me permitiu editar um vídeo, mesclando som e imagens.

Ao contrário da primeira experiência, onde Diego e eu experimentamos produzir um interferência em um ambiente sonoro determinado, dessa vez, pelo menos até o momento deste relatório, o experimento se ateve à analise de uma paisagem sonora e à observação das relações que ela produz por si própria. A exposição no Palácio do Catete recebe visitas espaçadas e diversificadas.

Eu alternei momentos de registro dentro e fora do ambiente da exposição. Na minha primeira entrada, a sala estava vazia. Logo após a minha entrada, a monitora, que estava no jardim, entrou também. Fiquei um tempo apenas observando e quando me praparava para sair, entrou um casal de meia idade. A mulher apenas observava e o homem tecia comentários, principalmente críticos, a respeito das obras. Logo no início ele já criticou a exposição dizendo “encaixa um monte de coisa e diz que é arte”. Depois ele teceu alguns comentários sobre o efeito desfocado de algumas fotos que compunham a exposição, mas logo voltou à sua primeira constatação. A monitora permaneceu o tempo todo em silêncio, antes de sair, perguntei a ela se era permitido fotografar, ao que ela respondeu que sim com a cabeça, mantendo seu silêncio.

Após esse primeiro registro, fiz algumas gravações da área externa. Foi interessante constatar como alguns sons do jardim também dialogavam perfeitamente com os Adjetos da exposição. Em uma das gravações uma senhora diz: “É nas bolinha, BOLINHAS”; após um silêncio que não permite que se saiba qual é o contexto da enunciação. No momento da gravação no me atentei sobre o que se tratava, só me chamou realmente a atenção quando ouvi o som em casa, deslocado da imagem, mas não pude me lembrar do contexto. Assim como os adjetos/inutensílios de Alexandre, esse som perdeu seu contexto inicial, mas encaixou-se perfeitamente com uma das obras da exposição.

Outro momento interessante da gravação na área externa foi quando, ao ir em direção ao banheiro, fui advertido por uma funcionária que era um serviço pago, com um tímido e quase inaudível: “É um real...”. Essa enunciação também acha um correspondente na exposição em uma obra que aborda a temática de preço em uma tabela de valores de depilação. Além desses dois momentos ficaram gravados também alguns sons corriqueiros: funcionários dialogando em tom de brincadeira, aves, um carro de som passando na rua.

Voltei para mais uma gravação no interior da sala de exposição. Dessa vez um grupo de crianças visitava a obra. Após a saída das crianças percebi que a monitora da exposição conversava com uma amiga. Me aproximei delas fingindo que fotografava as obras que estavam próximas, mas o volume da conversa já tinha sido reduzido a um nível que não se aproveitava para gravação.

O trabalho sobre o vídeo, que produz um novo diálogo entre esses ambientes sonoro e visual, estimula a vontade de uma continuação sobre o tema. Acredito que esse trabalho possa ter ainda outros desdobramentos.

Continuação:

Inutensílios –> Releitura de objetos -> Releitura de sons – Sons deslocados de seus lugares e de sua função essencial


Quarto capítulo e último (ufa!) - Richard

A partir desse momento da narrativa, me afasto da experiência vivida com o Richard e já apresento alguns desdobramentos. Coloquei no Google as palavras “budismo” e “nono sentido”. Não encontrei muita coisa. Descobri que esse “nono sentido” também pode ser chamado de “nono saber” ou “nona consciência”. Não encontrei textos budistas que se aprofundassem no assunto, mas achei um texto muito interessante, do Michael Serra, um menino de 22 anos, que procura explicar, através de vários conceitos, de diferentes mitos e religiões, “Os sentidos e a Divindade”.

http://taizen.net78.net/sentidos-ea-divindade.htm

Segundo o autor os cinco primeiros sentidos Visão, Audição, Olfato, Tato e Paladar proporcionam uma Percepção própria do mundo. “O Paladar proporcionou a Fala (Vac), o Tato a Locomoção (Sparsa), o Olfato a Respiração (Prana), a Audição o Equilíbrio (Shrotra), e a Visão a Perspectiva (Caksus)”. O sexto sentido estaria relacionado à “Intuição, Sincronia, Sintonia, Sinestesia, Empatia, Telepatia, Psicocinesia, Precognição, Levitação, Clarividência e outras manipulações mentais”. Eu, como praticante do método de Conscientização do Movimento de Angel Vianna, sempre ouvi dizer que o sexto sentido estaria relacionado à propriocepção. No livro “O Homem que confundiu sua mulher com um chapéu”, o neurologista Oliver Sacks, em um dos capítulos, conta o caso de uma mulher, “A dama sem corpo”, que perdeu o sentido da propriocepção. Sacks chama-o de “sentido oculto” (SACKS,1970, p. 51). Christina, uma jovem de 27 anos, antes de realizar uma cirurgia, e após ter um sonho, onde não sentia mais o seu corpo, viu seu sonho se tornar realidade: começou a perder a percepção do seu corpo, não conseguia mais ficar de pé, segurar qualquer objeto, suas mãos estavam descontroladas. Os médicos perceberam que ela mantinha o funcionamento dos músculos em perfeito estado, mas ela havia perdido a consciência do uso das partes de seu corpo. Com muito treinamento teve que substituir esse “sentido oculto”, pelo da visão. Dessa forma só conseguia se mover se olhasse firmemente para a parte do corpo que desejava movimentar.

Mas esse sexto sentido, como narrado acima, estaria relacionado também a um estado alterado de consciência, que podemos adquirir em uma prática de meditação, ou em uma aula de Conscientização do Movimento, ou em qualquer outro treinamento que tenha esse objetivo. Na minha concepção, o sexto sentido também estaria relacionado com o estado de “presença”. Segundo Cassiano Sydow Quilici em seu artigo “Proposições para um diálogo entre Artes Performativas e o Budismo”,

“Mais do que a simples aquisição e internalização de códigos artísticos e expressivos, o interesse contemporâneo tem se voltado, muitas vezes, para procedimentos que visam criar uma qualidade de presença e atenção que estaria na base da comunicação artística. O tema da percepção como uma espécie de ação primeira do artista torna-se assim bastante relevante para se pensar processos pedagógicos. Nesse sentido, o Budismo e outras tradições contemplativas dão-nos o exemplo de um caminho rigoroso de investigação da experiência do corpo-mente e do cultivo de modos de percepção e compreensão bastante sutis (...)”.

http://www.portalabrace.org/vicongresso/territorios/Cassiano%20Quilici%20-%20Proposi%E7%F5es%20para%20um%20Di%E1logo.pdf

Não vou desenvolver esse assunto agora, mas esse é um dos caminhos da minha pesquisa, que vislumbro com mais clareza, após realizar essa performance com o Richard. Para Hans Ulrich Gumbrecht, que procurou em seu livro “Produção de presença – o que o sentido não consegue transmitir”, fazer uma distinção do que seria produção de sentido e produção de presença, ele afirma que enquanto, em uma cultura do sentido, a “subjetividade” ou “o sujeito” ocupam o lugar da autorreferência humana, ou seja, o ser humano se entende excêntrico ao mundo, em uma cultura de presença “os seres humanos consideram que seus corpos fazem parte de uma cosmologia (ou de uma criação divina)” (GUMBRECHT, 2004, p. 106). Eles não se vêem excêntricos ao mundo, mas como parte do mundo.

Peço então licença aqui para falar dos vários corpos que nossa “Consciência” habita, segundo estudos de muitos pesquisadores espiritualistas. Pego como fonte o livro “A consciência encarnada e o corpo humano” de Geraldo Medeiros Jr. Na minha perspectiva esses vários corpos que habitamos podem ter uma relação direta com os sentidos referidos acima. Farei uma relação agora entre os quatro corpos, citados por Medeiros, e os nove sentidos citados por Serra.

Interessante observar que enquanto Serra dispõe os sentidos a partir dos mais “mundanos” (cinco sentidos, velhos conhecidos nossos), Medeiros apresenta os corpos do mais sutil para o mais denso, que seria o corpo físico. Segundo Lawrence LeShan em seu livro “O médium, o místico e o físico”, a nossa maneira habitual de encarar as coisas é dar mais importância ao indivíduo, a algo que é separado do todo, ao único. Então para nós é mais importante saber quem é determinada pessoa, depois se é homem ou mulher, depois que é um mamífero, animal, organismo vivo e assim sucessivamente. O autor percebeu que quando determinada pessoa se encontra em um estado de percepção paranormal, os aspectos mais importantes se voltam para a outra extremidade do espectro: “ao que se refere à sua generalidade ou a seu relacionamento.” (LESHAN, 1994, p. 47). Nesse estado de percepção extra-sensorial, “todas as ‘coisas’ (entidades e acontecimentos) estão relacionadas, e isto é o mais importante” (p.47).

Medeiros parte do Corpo Causal, que não tem forma e é uma energia extremamente sutil. Segundo ele, seria nesse receptáculo que a essência de um ser se separaria do Todo. Estaria relacionado, na minha visão, ao oitavo sentido, que, segundo Serra, seria a “Consciência acumulada”, que guarda toda a memória de um ser.

O Corpo Mental é um corpo sensível à captação de pensamentos e a atividades mentais de todos os tipos. Mais denso que o corpo causal, já possui uma forma. É nessa fase que grande parte da energia da consciência é direcionada para o complexo energético que compõe o sistema orgânico. Estaria relacionado com o sétimo sentido que, segundo Serra, “pela cabala é a união do Chiah (cosmo interior) com o Jechidah (cosmo exterior, mas não o Cosmo pleno). E somente é atingida quando a Ycchidah (essência individual, mas não individualista) se dissocia do egoísmo material (Asmita hindu), começando a adentrar os caminhos do universo”.

Para falar do Corpo Astral, Medeiros afirma que primeiro é necessário entender o que é o mundo astral: “O mundo astral constitui um universo definido paralelamente ao nosso universo. Este penetra e rodeia o mundo físico, mantendo-se, contudo imperceptível aos nossos meios vulgares de observação, por possuir um nível vibracional diferente do padrão físico” (p.25). Ele continua dizendo que se pegarmos um átomo físico e o desagregarmos, ele desaparecerá sob o ponto de vista físico, mas não como matéria astral. Esse corpo serve de coligação entre o corpo mental e o cérebro. Estaria relacionado ao sexto sentido que já foi falado acima.

O Corpo Físico, o único que geralmente entendemos como corpo, estaria, como todos nós sabemos, relacionado com os outros cinco sentidos. Alguns pesquisadores subdividem ainda mais os diferentes corpos. Alguns falam em corpo etéreo ou vital que seria o que dá vida ao nosso corpo físico. Ele não se separaria do corpo físico, só na morte. O corpo astral, segundo 100% dos pesquisadores (aos quais tive acesso), se separa do corpo físico todas as noites. Mesmo inconscientes realizamos viagens astrais sempre que dormimos.

E o “nono sentido” que Richard falou para mim enquanto comprávamos tomates para o cachorro-quente da festa da Antônia?

O Nono Sentido seria o Sentido dos Deuses, a "Vontade Divina". Unido de tal modo ao universo e suas forças, nada o prende, nada o limita. Seria o Todo, que, para os espiritualistas, seria o mais importante da vida, onde todas as energias se misturam e se relacionam sem distinção, quando já perdemos todos os nossos corpos e somos a própria luz divina.

Duas palavrinhas que Richard pronunciou enquanto comprávamos tomate me suscitaram um turbilhão de relações que espero desenvolver a partir de agora na minha pesquisa. Terminei o encontro com a família de Richard com um delicioso almoço feito e oferecido com muito carinho.

Referências bibliográficas:

GUMBRECHT, Hans Ulrich. Produção de presença- o que o sentido não consegue transmitir. Rio de Janeiro: Contraponto: Ed. PUC-Rio, 2010.

LESHAN, Lawrence. O médium, o místico e o físico. São Paulo: Summus, 1994.

MEDEIROS JR., Geraldo. A Consciência encarnada e o corpo humano. São Paulo: Ìcone, 1995.

SACKS, Oliver. O homem que confundiu sua mulher com um chapéu. Rio de Janeiro: Imago, 1988.

Terceiro capítulo - Richard

Teríamos que voltar tudo, pegar o meu carro e descer até a Rua do Riachuelo para ir a outro supermercado.

Sempre fui muito controladora e sempre senti orgulho de saber administrar muito bem o meu tempo. Durante a caminhada de volta a ansiedade tentou me acessar algumas vezes. Tentava ignorá-la. Voltamos a casa dele para pegarmos a minha bolsa e avisar que iríamos demorar mais. Brinquei com Antônia e o gato do vizinho enquanto Patrícia fazia o almoço.

Fomos então para o carro e desceríamos a Rua Monte Alegre até a Rua do Riachuelo, mas a rua estava interditada. Hoje fiquei sabendo que uma grande árvore havia tombado na rua devido ao temporal da madrugada anterior.



Pegamos outro caminho que nos levou até a curva fatídica onde o condutor de bonde mais simpático de Santa Teresa descobriu que estava sem freio e tentou, heroicamente, salvar a todos, perdendo a própria vida. Havia lido sobre o acidente no jornal. Fui buscar agora na internet alguma matéria a respeito e acabo de descobrir que o ator Eduardo Moreira, do Grupo Galpão, estava no bonde. Me lembrei de Romeu e Julieta, um dos espetáculos mais lindos que assisti. A atriz que fazia Julieta, Wanda Fernandes, mulher do “Romeu” Eduardo Moreira havia morrido em um acidente de carro durante a temporada. Me lembro de ter ouvido que ele estava com ela no carro. Não sei se é verídico, porque como foi em 1994, Era pré-internet, carece de acesso fácil a registros. Assim como informações sobre Marcio Vianna (morto em 1996).

Aproveitei a passagem pela curva fatídica para perguntar a Richard se ele tinha alguma religião. Desde o primeiro momento que o vi, até mesmo antes, por telefone, me chamou atenção a sua calma. Quando o vi em casa com sua família, e a própria forma como ele me recebeu, percebi que se tratava de uma pessoa extremamente afetuosa. Quando ele disse que era budista, compreendi. Passamos então o resto do trajeto, até o supermercado, conversando sobre espiritualidade. Assunto que cada dia está mais presente nos meus pensamentos. Conversamos sobre a calma que precisamos exercitar para estarmos presentes e a meditação como prática para chegarmos a este estado de plenitude e consciência. Ele me falou de um “nono sentido”. Nunca tinha ouvido falar.