terça-feira, 8 de novembro de 2011

Emissária


Uma caixa de papelão com doce de maracujá, brigadeiro alpino, fitas vermelhas, poesias, colherzinhas, fotos, enfim um pedaço de alguém numa caixinha.


Correio elegante. Mulher misteriosa. Um escritório na Uruguaiana.

O encontro com o desconhecido.
Levar a encomenda de amor a um homem casado.
Representando uma história de amor de 20 anos atrás. Tempos de escola nas redondezas.

O reencontro recente, o carinho maduro.
Era ternura.
Mas havia a perversidade... os poemas eram sensuais. A emissária era sensual.
Maquiagem. Decote.
Deleite sinestésico.

O encontro Nelson Rodriguiano. O centro do Rio. Uma repartição. Um presente. Uma performance.

O teatro e a vida. A vida de alguns alguéns.

O inesperado, o imprevisível.
Subi os andares até o oitavo.

Várias portas. Sala 815.
Resolvi respirar. Entender. Refletir.
Fui para uma janela de grade.
Vi um pontinho no Rio, minha história, no pôr do Sol dos prédios. Em encontro ao imprevisível.
Fui.
Silêncio absoluto vindo das salas. Sim, três portas eram a 815.
Pelo instinto achei o destinatário.
Bati timidamente. Depois com mais convicção.
Abre a porta.
Um gordo.
6,7,8,9, homens.
Mudos.
Estarrecidos.
Eu.
Desorganizando o sentido cotidiano.
Estarrecidos.
Diálogo curto.
Conciso.
Pessoa? sim.
Aqui? eu.
Encomenda pra vc.
Pausa.
Sem palavras.
Eu: Obrigada.
10 segundos.

Na volta ao hall do elevador. Felicidade.

Ocupar o espaço.
Dei piruetas leves.
Estava sozinha.

Surpresa ao descobrir que da câmera do prédio, a remetente, a entregada, a personagem,que representei estava a me olhar em tempo real.
tanto melhor não saber que estava sendo observada.

Piruetas. Telefonemas. Pôr do sol. Cidade baixa. Edifícios. Duas artistas. Uma história de amor.
Sapequices. Beleza. Interferências. Vida. Performance.

Emissária.




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