quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Afeto e silêncio - visita à exposiçao de Louise Bourgeois

Eu e Marcus Fritsh visitamos a exposiçao "O Retorno do Desejo Proibido", para pensar algo de performance e relaçao entre as pessoas, com o espaço e com obras artísticas dentro de um espaço mais "clássico "de arte visual e plástica. Em principio nos guiamos pela questao do afeto, de como um trabalho artístico afeta o "espectador", quais sao suas sensaçoes, referências, associaçoes; E decidimos perguntar a outras pessoas que estariam visitando a exposiçao. Também desejavamos perceber essa açao de falar com o outro neste tipo de exposiçao e sala de exposiçao, geralmente consagrado como lugar de nao-interaçao e silêncio. Após caminhar pela exposiçao e falar com algumas pessoas, perceber o silencio que ocupava todo aquele espaço, o lugar sacralizado da relaçao silenciosa com a obra de arte, Marcus sugeriu que pedissemos às pessoas para gravarmos o som do silencio delas diante de uma obra. E foi interessantissimo perceber as reaçoes no corpo de cada uma, perceber que as pessoas aceitavam, acompanhar um rapaz que aceitou e seguiu caminhando pela exposiçao, enquanto gravavamos seu silencio.
Segue abaixo o relato de duas conversas/entrevistas sobre os afetos, e em anexo algumas gravaçoes do silencio.


Entrevistei uma mulher e um homem.

Me apresentei, perguntei para moça como aquela obra a afetava, "Célula" é o nome da obra, e se compoe de três cabeças, cada uma com duas faces uma de cada lado. Uma cabeça para cima, e duas para baixo nas diagonais direita e esquerda da cabeça central, formando um triangulo. São revestidas com um tecido preto poroso, como uma meia calça arrastão. Essa figura está suspensa, dentro de um vidro retangular, e abaixo, dentro do vidro, estão 4 espelhos, um em cada canto do retângulo.

A moça respondeu que para ela aquela obra tem relação com o duplo. cada face tem outra atrás, e os espelhos nos permitem ver a outra face, e que é o duplo de inconsciente-consciente.Perguntei como que essa visão a afetava. Ela disse que no processo de criação dela como artista plástica ela lida com isso o tempo todo.

Depois, perguntei para o senhor que trabalha na exposição em relação á obra como um todo.
Ele: "Quando eu sou escalado para trabalhar aqui, eu tenho que fazer toda uma preparação para entrar nesse universo. Eu entro nesse universo. Aqui, esta sala por exemplo, é a sala do inconsciente, por isso essa luz baixa, esse ambiente nebuloso. Ali, aquela obra do arco da histeria, é bonita, dourada, mas ao mesmo tempo é uma figura agonizante. Uma senhora me questionou porque se chamava arco histérico, ja que ela imaginava que a histeria é algo mais assim (e fez um movimento do corpo mais escandaloso). E eu nao acho, essa escultura me lembra um bicho quando está para ser sacrificado. E se voce olhar bem, aqui desse lado, a figura nao tem um sexo muito bem definido, pode ser homem ou mulher, do outro lado já é mais suave, sinuoso. Eu nao gosto de ficar olhando muito, é muito profundo, olho assim no geral.

E assim ele seguiu falando de cada obra presente na sala.
Com a escultura do casal disposto um deitado em cima do outro, ele brincou: "Eu e meus colegas ficamos falando: - Pára, já está bom, já chega, né. O casal está ali junto, deitado, mas ao mesmo tempo, um está com a perna toda costurada, amputada, o outro com os braços atados.


http://soundcloud.com/marcus-fritsch/sil-ncio006-louise-bourgeois

http://soundcloud.com/marcus-fritsch/sil-ncio005-louise-bourgeois


http://soundcloud.com/marcus-fritsch/nota-de-voz004


http://soundcloud.com/marcus-fritsch/sil-ncio003-louise-bourgeois



http://soundcloud.com/marcus-fritsch/sil-ncio002-louise-bourgeois


http://soundcloud.com/marcus-fritsch/nota-de-voz001







obrigada a todos
Monica e Marcus


Nenhum comentário:

Postar um comentário